Um
conto dos padres do deserto diz que certo monge, vendo a morte chegar, pediu
aos seus companheiros a chave do céu: queria morrer agarrado a ela. Um
companheiro saiu correndo e lhe trouxe a Bíblia, mas não era isso que o
agonizante queria. Outro teve a idéia de trazer a chave do sacrário, também não
deu certo. Foi então que alguém que conhecia melhor o doente foi buscar agulha
e linha. Agarrado a esses objetos prosaicos, o irmão passou mais tranqüilo para
a vida eterna. Era alfaiate da comunidade: sua chave para o céu era a atividade
diária, carinhosamente realizava para servir aos seus irmãos.
A
historinha nos leva a entender que o trabalho cotidiano do monge foi a sua
verdadeira chave para entrar no céu. Com certeza, ele também devia ter rezado
muito, meditado bastante, talvez jejuado nos dias certos e cultivado algumas
dezenas de outras virtudes. No entanto, ele sabia muito bem que tudo dependia
de como ele havia exercido o seu maior serviço na comunidade.
O caminho da santidade pode passar
por momentos extraordinários, gestos de heroísmo, façanhas memoráveis; porém,
passa, em primeiro lugar, por aquilo que fazemos bem ou mal no dia a dia.
(autor desconhecido)
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