A Transfiguração do Senhor

A Transfiguração, reflexão do 2º domingo da quaresma do Ano B (São Marcos), é um dos momentos mais importantes dos Evangelhos sinóticos (Mt 17,1-8; Lc 9,28-36; Mc 9,2-10), momento em que é revelado o mistério do Messias aos três discípulos escolhidos: ...Desceu uma nuvem e os encobriu. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-o!” ... A nuvem e a luz são dois símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Desde as manifestações de Deus (teofanias) do Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto, com Salomão por ocasião da dedicação do Templo.
Na Transfiguração a Trindade inteira se manifesta: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara. Jesus se transfigura no monte. Seu corpo e suas vestes adquirem novo aspecto, antecipam o corpo glorioso da ressurreição.
Os três discípulos não saberiam dizer quanto tempo viram Jesus luminoso e transformado. Certo é que foram conquistados por esse Jesus tão diferente. Deviam ter imaginado que daí por diante tudo seria diferente. Mas, daí tudo era como tinha sido antes; ali estava o Jesus de sempre. O importante é que eles estavam inteiramente transformados.
Deve ter sido maravilhosa a experiência vivida por Pedro. Queria prolongá-la para sempre, esquecer o resto do mundo, viver só nessa antecipação do céu “Mestre é bom ficarmos aqui!”.  Dali a pouco, como que despertado por Jesus, percebeu que era preciso descer do monte, continuar enfrentando a realidade. O texto deste evangelho se encerra com Jesus ordenando que não contassem a ninguém o tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Os discípulos só vão entender o que é ressurreição depois que fizerem a experiência da cruz e do encontro com o ressuscitado. Então farão memória e poderão ir anunciar a todo o mundo. Em meio ao turbilhão do barulho e das crises do mundo moderno, também precisamos subir as montanhas e ficar com Jesus. Lá é o lugar de passagem e não de armar a nossa tenda. É o lugar onde devemos escutar e crer que Jesus é o Filho de Deus enviado ao mundo.Depois também nós, precisamos descer da montanha, enfrentar a realidade. Continuar hoje a escutar a voz do Filho que continua falando através da sua Palavra e nos fatos da vida. Por outro lado, a transfiguração é também sinal do que vai acontecer conosco. Também um dia nós seremos transfigurados, na nossa ressurreição.
“Ele vai transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21)

Por Isabel Ponte Pegoraro

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