A ALEGRIA DO EVANGELHO “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”(Mt 19,9)

 "A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus": assim começa a "Evangelli gaudium", exortação apostólica na qual o Papa Francisco trata do tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje.
 O texto é um convite a todos os batizados, sem distinções de papel, para que levem aos outros o amor de Jesus, em um estado permanente de missão (n. 25), vencendo o grande risco do mundo atual: cair em uma tristeza individualista (n. 2).
 O Papa convida a recuperar o frescor original do Evangelho: Jesus não pode ficar preso em esquemas chatos (11); faz-se necessária uma conversão pastoral e missionária, que não pode manter as coisas como estão (25), bem como uma reforma das estruturas eclesiais, para que se tornem mais missionárias (27).
 Neste contexto, Francisco se compromete em primeira pessoa. De fato, ele pensa também em uma conversão do papado, para que seja mais fiel ao significado que Jesus Cristo quis lhe dar e às necessidades atuais da evangelização.
 O papel das conferências episcopais deve ser desempenhado seguindo o sentido de colegialidade, que até agora não se concretizou plenamente (32). Mais do que nunca, é preciso que haja uma saudável descentralização (16) e, nesta obra de renovação, não podemos ter medo de revisar costumes da Igreja que ainda não estão diretamente ligados ao núcleo do Evangelho (43).
 O verbo proposto para a reflexão é "sair". As igrejas devem ter as portas abertas em todos os lugares, para que os que estão em busca não encontrem a frieza de uma porta fechada.
 Nem sequer as portas dos sacramentos deveriam estar fechadas. Sobretudo quando se trata daquele Sacramento que é a “porta” : o Batismo. A própria Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um generoso remédio e um alimento para os fracos. Isso determina também consequências pastorais que estamos chamados a considerar com prudência e audácia. Muitas agimos como controladores da graça e não como facilitadores.  (47).
 É melhor uma Igreja ferida e suja, que saiu às ruas, que uma Igreja prisioneira de si mesma. Não podemos ter medo de deixar-nos inquietar pelo fato de que muitos irmãos vivem sem a amizade com Jesus. Lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar “Dai-lhes vós mesmos de comer (Mc 6,37). (49).
 Neste caminho, a maior ameaça é o pragmatismo cinza da vida cotidiana da Igreja, no qual tudo aparentemente procede na normalidade, enquanto, na verdade, a fé vai se desgastando (83). Não nos deixemos apressar por um pessimismo estéril (84). Que o cristão seja sempre sinal de esperança (86), por meio da revolução da ternura. Na sua encarnação o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura. (88).
(continuamos na próxima edição)  texto introdutória à introdução italiana da Exortação Apostólica “ Evangelli Gaudium” Editora Âncora.
Isabel Ponte Pegoraro

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