A Alegria do Evangelho

Francisco não oculta sua desaprovação com relação aos que se sentem superiores aos outros, porque são inquebrantavelmente fiéis a certo estilo católico próprio do passado e, em vez de evangelizar, classificam os outros.
 Também é claro o juízo negativo com relação aos que têm um cuidado ostentoso com a liturgia, a doutrina e o prestígio da Igreja, mas nem tanto com a inserção real do Evangelho nas necessidades das pessoas (95). Esta é uma grande corrupção com aparência de bem (97).
 A pregação tem um papel fundamental. Que as homilias sejam breves e que não tenham o tom de lição (138). Que quem prega fale aos corações, evitando o moralismo e a doutrinação (142). O pregador que não se prepara é desonesto e irresponsável (145). Que a pregação sempre ofereça esperança e não nos torne prisioneiros do negativismo. Como é bom que os sacerdotes, diáconos e leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos , os recursos que tornem mais atraente a pregação. (159).
 Que as comunidades eclesiais evitem a inveja e o ciúmes. A quem queremos evangelizar com estas atitudes? (100) Também é de fundamental importância aumentar a responsabilidade dos leigos, até agora mantidos à margem das decisões, devido a um clericalismo excessivo (102).
 Da mesma maneira, é essencial ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja, especialmente nos diversos lugares em que se tomam as decisões importantes (103). Frente à escassez de vocações, não podemos encher os seminários usando qualquer tipo de motivação (107).
 Além de ser pobre para os pobres, a Igreja querida por Francisco é valente na hora de denunciar o atual sistema econômico, injusto desde a raiz (59). Como disse João Paulo II, a Igreja não pode nem deve permanecer à margem da luta pela justiça (183).
 O ecumenismo é um caminho imprescindível da evangelização. Porque sempre podemos aprender algo das outras pessoas. Por exemplo, no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós, católicos, podemos aprender mais sobre o significado da colegialidade episcopal e sobre a experiência da sinodalidade (246). O diálogo inter-religioso é, por sua vez, uma condição necessária para a paz no mundo, e não obstaculiza a evangelização (250-251).
 Na relação com o mundo, que o cristão sempre dê razão da sua própria esperança, não como um inimigo que aponta com o dedo e condena (271). Só pode ser missionário quem se sente bem ao buscar o bem do próximo, quem deseja a felicidade dos outros (272). Se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já é suficiente para justificar o dom da minha vida (274).
Juntamente com o Espírito Santo ,sempre está Maria no meio do povo (284). Ela reunia os discípulos para O invocarem (At 1,40 ) e assim tornou possível a explosão missionária que se deu no PENTECOSTES . Na cruz , naquele momento crucial, antes de declarar consumado a obra que o Pai lhe havia confiado , Jesus disse a Maria: “ Mulher , eis o teu filho!”. E , logo a seguir disse ao amigo bem-amado: “Eis a tua Mãe!” ( Jo 19,26-27). Jesus deixa-nos sua Mãe como nossa Mãe. Cristo conduz-nos a Maria, porque não quer que caminhemos sem uma Mãe. Não é do agrado do Senhor que falte à sua Igreja o ícone feminino .No tabernáculo do Ventre de Maria, Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja , permanecerá até o fim do mundo; no conhecimento e amor da alma fiel habitará pelos séculos dos séculos (285).
À Mãe do evangelho vivente , pedimos a sua intercessão a fim de que este convite para uma nova etapa de evangelização seja acolhido por toda a comunidade eclesial (287)
Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja .Porque sempre que olharmos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N'Ela ,vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes que não precisam maltratar os outros para sentir-se importantes. Pedimos-lhe que nos ajude, com sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos , uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento de um mundo novo. É o Ressuscitado que nos diz, com uma força que nos enche de imensa confiança e firmíssima esperança:” Eu renovo todas as coisas” ( Ap 21,5). 
(Texto introdutório à edição italiana da exortação apostólica "Evangelii gaudium", publicado pela editora Ancora e finalização do próprio Doc 198) 
Isabel Ponte Pegoraro

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